Sobre mães invisíveis
Com a chegada do dia das mães, ficamos mais sentimentais, mais gratos às nossas mães. Mas o post de hoje é pra falar das mães invisíveis. Temos diversos tipos de mães invisíveis:
Recém-mãe: aquela que acabou de ter um bebê. Tudo é novo, tudo é muito louco e ela se sente invisível. Porque ninguém se lembra dela. Todos querem ver o novo membro da família, a atenção é toda para o bebê e ninguém liga para a mãe. Ela está exausta, confusa, com os hormônios todos alterados. Aí surgem os baby blues, as depressões pós-parto. Porque ela vive um misto de dúvida, incerteza, com um monte de gente dando palpite sobre seu filho e reprimindo seu instinto materno que também acabou de nascer com ela.
Mãe de anjo: é a mãe invisível que perdeu seu bebê ainda no ventre. Essa é totalmente esquecida por comentários como “logo vem outro bebê”, “não era a vontade de Deus”. Ela não vive o seu luto, ninguém entende o aborto espontâneo como a perda de um filho. É o trauma do hospital ao lado de outras mães que acabaram de ter um bebê e ela não. É a dor de conceber mas não pegar seu filho nos braços, não conhecer seu chorinho, seu rostinho, seu sorriso. É uma saudade de algo que não veio, um sentimento cruel de tristeza, dor que ninguém entende, que só quem passou por algo tão difícil sabe o que é.
Mãe no asilo: aquela que sempre fez parte da vida dos filhos quando era do interesse deles, mas que hoje já não há espaço mais para ela. Em meio a tantos compromissos, ela vive esquecida nas horas que nunca passam, nos longos dias de espera à sua morte. Ela é lembrada em datas especiais, às vezes no final de semana, e vive na expectativa de que um dia possa voltar para casa junto a sua família.
Mãe esquecida: é a mãe que o filho nem lembra que ela existe, não dá um telefonema, não liga para saber como ela está. Esse tipo de mãe que só é lembrada na hora do aperto, quando o bicho pega, quando o dinheiro acaba, quando a vida esmaga. É a mãe que não recebe um bom dia, um obrigado, um eu te amo.
Mãe de anjo 2: é a mãe que perdeu se bebê, seja ele de dias, meses ou seu bebê adulto. A mãe que mais sofre no dia das mães, com a pior dor do mundo: da perda de um filho. Essa mãe que agora é guardada pelo seu anjo e que passa dia após dia com um buraco gigante dentro do coração.
Mãe que já foi: a mãe que não está mais aqui, que já passou para o outro lado, mas que ainda existe, só está invisíve e ainda é mãe. Que só quer ser lembrada nessa data, só um pensamento sobre ela já seria o suficiente para encher seu coração de alegria.
Nesse dia das mães, que não sejamos hipócritas. Que possamos cuidar dessas mães invisíveis. Que saibamos ajudar a mãe puérpera com cuidados, mimos, carinho e atenção, guardando nossos palpites para nós. Que possamos ajudar as mães de anjos com um ombro amigo, um abraço pra chorar, uma visita para ela poder desabafar a sua dor reprimida. Que possamos cuidar de nossas mães idosas com o carinho e maior amor do mundo, com atenção, e com muita presença, pois é na velhice que o papel de mãe e filho se invertem, e podemos expressar toda a gratidão da vida. Que nos lembremos de nossas mães que ainda estão aqui, com uma palavra amiga, um abraço, um afago ou um "eu te amo". Que possamos fazer uma prece para aquelas mães que já se foram, mas que continuam cuidando mesmo que do outro lado da vida dos seus filhos. E que, finalmente, possamos enxergar tantas mães invisíveis e tentar, não só nos dia das mães, mas todos os dias do ano, mostrar que elas não estão sós.